quinta-feira, 26 de maio de 2016

Escrever ajuda o TDAH

Ultimamente respondo muito sobre o significado da sigla TDAH. Alguns contatos no Facebook vêem as minhas postagens e acabam me perguntando quando me encontram na rua. Mas não são apenas eles que me procuram. Muitos TDAH e muitos traços TDAH (pessoas que têm algumas características, porém não possuem o Transtorno do Déficit de Atenção) me procuram. Alguns para trocar experiência, mas a maioria chega com dúvidas.

Este foi o segundo motivo que me levou a escrever: a conscientização. Sei que não profissional na área e não tenho nenhum embasamento científico para debater o tema. Mas fico feliz em poder conversar com pessoas que passam pelas mesmas coisas que eu, que dividem as mesmas neuras, os mesmos desconfortos, as mesmas frustrações, os mesmos sonhos e que também acreditam que um dia serão compreendidos. Pouco a pouco estou conseguindo fazer que algumas pessoas próximas a mim consigam compreender melhor alguns por quês!

Mas a divulgação do transtorno não foi o motivo principal. Eu sempre gostei de escrever, mas nunca pensei em escrever sobre como me sinto como TDAH. Até perceber o quão importante era colocar pra fora como me sinto.

Quando escrevi o post Tortura eu disse o quão sincero eu era quando escrevia. Por muito tempo eu escrevi cartas e cartas. Passei a adolescência me desabafando em pedaços de papel. Tinha dezenas de amigos, mas era nas cartas e no meu caderno diário que eu guardava os meus medos.

Escrever pode ajudar o teu médico a avaliar o teu progresso. Pode também ajudar você mesmo a avaliar as tuas mudanças. Há terapeutas que recomendam o diário como parte do tratamento e aqueles que o fazem desde a fase infanto-juvenil pode acompanhar se o tratamento surtiu efeito entre a infância e fase adulta.

Entre os benefícios de se ter um diário estão: registrar momentos e lições de vida, ter um registro permanente do teu progresso, clarear pensamentos e sentimentos, processar acontecimentos passados, oferecer novas perspectivas, se conhecer melhor, registrar seus objetivos e acompanhar a evolução deles, exercitar a escrita e estimular a leitura.

O que está esperando para colocar a mão na massa, faça um blog, faça um diário, não fique parado. Se não quer dividir com o mundo os teus pensamentos e sentimentos, não guarde dentro de você, escreva um diário e o deixe guardado em um lugar apenas teu. Mas não guarde as dores e os rancores somente para você. Compartilhe, coloque pra fora e afrouxe a corda imaginária que aperta o teu pescoço.




Se precisar de ajuda, estarei pronto à ajudar. O link da página do Facebook Mente Inquieta - Diário de um TDAH está na descrição. Basta enviar uma mensagem que responderei assim que possível. Caso você tenha algum depoimento a fazer também será bem-vindo.

segunda-feira, 16 de maio de 2016

Eu SEMPRE tenho razão

Dono da verdade era como muitos dos meus amigos costumavam me chamar.  E pessoas assim são muito chatas. Por este motivo acabei me policiando um pouco.


Costumo dizer que teimoso é quem teima comigo, mas eu só invisto em uma discussão quando tenho certeza. Se estou seguro,  bato o pé, procuro no Google... Se não estou convicto, prefiro dar o braço a torcer. Afinal, melhor ser feliz do que ter razão.

Quando eu era adolescente nós tínhamos as duas leis do Stanley. A primeira dizia "O Stanley tem sempre razão", a segunda dizia: "Caso alguma exceção ocorra e o Stanley cometa um equívoco,  voltamos à regra número um".

Ser cabeça dura não é privilégio dos TDAH,  mas a necessidade de estar sempre certo nos esmaga. E, pensando bem, acho até que não tenho necessidade de estar certo. O que tenho é medo de estar errado. Falhar é tão doloroso.

quinta-feira, 5 de maio de 2016

Não fui eu!

Ouve-se um grande estrondo na cozinha, você corre para ver o que é e ao chegar se depara com o seu filho caçula em frente a um vaso de flores quebrado. Ao lado do vaso uma bola de futebol.

Antes mesmo que você abra a boca a criança logo tenta se defender, usando apenas um argumento: "Não fui eu!"

Nem sempre vai dar certo, mas a velha história do "A culpa é minha e eu coloco em que eu quiser!" acontece muito na vida do TDAH.

Os atrasos, as falhas, os incidentes sempre têm uma desculpa. Culpamos alguém ou até mesmo o Transtorno. Sim, o TDAH muitas vezes é utilizado como válvula de escape. Não que ele não tenha participação. Mas não podemos generalizar.

Eu venho me policiando demais nos últimos tempos. Culpei o TDAH por muitas coisas no passado recente. Hoje assumo mais as minhas falhas e seu melhor quando posso evitá-las. O que não quer dizer que sempre as evito.

Continuo sendo humano, continuo TDAH, continuo errando. Mas agora a culpa do João e do João e a minha culpa é minha culpa.