Há anos acompanho muitas das discussões sobre o TDAH
(Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade). Até hoje foram tantos
assuntos: “Pai do TDAH revela que o distúrbio não existe”, “O TDAH foi criado
para alimentar a indústria farmacêutica”, “Dieta milagrosa garante a cura do
TDAH”; entre tantos outros.
A notícia sobre a invenção do TDAH já foi desmentida há
anos, mas pessoas leigas no assunto continuam compartilhando a matéria como se
ela fosse uma reportagem atual.
Mesmo que o TDAH fosse uma invenção há um grupo de pessoas,
assim como eu, que compartilham as mesmas angústias, passam pelas mesmas
situações muitas vezes constrangedoras, recebem os mesmos rótulos. Deste grupo,
a grande maioria sofre muito com o efeito do transtorno em suas vidas (perdemos
coisas, pessoas, oportunidades, empregos, relacionamentos em uma frequência absurda)
outros acham “cool” e até vantajoso. Esta minoria me espanta.
Não acho divertido ser portador do TDAH, mas ele faz parte
de mim e sempre fará. E é por isso que hoje eu encho a boca e bato no peito
para dizer que tenho muito orgulho por ter TDAH, pois eu compreendo minhas
limitações, conheço as minhas necessidades e sei o quão eu preciso batalhar
para não procrastinar e me superar dia-a-dia, o quanto tenho que me esforçar
para fazer o que a grande maioria faz com toda a naturalidade.
Sou um vencedor e todos os dias em que encosto a cabeça no
travesseiro, fecho os olhos e durmo logo em seguida agradeço na manhã seguinte
a conquista de uma noite de sono tranquilo, porque sei quantos anos passei
sofrendo de insônia, demorando horas para conseguir pegar no sono.
Tenha orgulho de quem você é e não esconda o TDAH. As
pessoas precisam conhecer o transtorno, só assim elas vão conseguir te entender
melhor.