As compras do Paraguai

Em março fui para o Paraguai. Tentei me conter, mas não resisti e me rendi ao capitalismo.

Assim que cheguei ao hotel fui testar os novos brinquedinhos. É claro que esqueci a sacola com os itens mais caros dentro do ônibus. 

Consegui ligar para o guia e na quarta-feira ele me respondeu que o proprietário da viação estava com a sacola. 

Peguei um moto-táxi e fui em busca dos meus preciosos. 

Claro que para a minha sorte começou a chover. Além de me ensopar, a minha camiseta branca ficou com as costas puro barro.

Resultado: desisti de ficar sem Ritalina durante a viagem e logo na quarta-feira já estava tomando novamente!

A Ritalina está em falta

Ouvi e li muitas reclamações sobre a falta de Ritalina 10 mg nas farmácias. Eu mesmo tive problemas para comprar nas duas ultimas vezes. Por sorte consegui reservar as duas últimas caixas de uma filial e fui até a outra loja buscar.

A Anvisa está investigando a falta do remédio para o tratamendo do TDAH que está assolando todo o país.

A ABDA (Associação Brasileira do Déficit de Atenção) cobrou uma posição do laboratório, já que as reclamações são inúmeras e muitas pessoas estão sendo prejudicadas por terem os seus tratamentos interrompidos.

O Laboratório Novartis enviou uma nota avisando que até o final de agosto todo o abastecimento será regularizado!

TDAH e os sentimos ruins

"A gente precisa matar um leão por dia!" é uma frase que as pessoas dizem com frequência.
O indivíduo com TDAH cria diversos leões ao dia. Alguns surgem com o tempo, alguns acompanham desde sempre.
O problema é que não somos psicologicamente maduros para enfrentar estes leões sozinhos.
Frustrações, rejeições, decepções parecem inúmeras vezes maiores para o portador do transtorno.
Para quem acompanha todas estas frustrações acaba se acostumando e o sentimento passa a ser visto como exagero.
É neste momento em que a pessoa começa a guardar para ela o que a incomoda e aos poucos tudo vai se tornando uma bomba relógio. Não é a toa que a depressão é uma comorbidade tão comum aos TDAH.
Em um dos grupos que faço parte recebemos reclamações diárias de falta de apoio e de incompreensão. Nos apoiamos todos os dias e, infelizmente, todos os meses recebemos pelo menos uma postagem como esta do print.
Por isso lutamos tanto pra divulgar o TDAH. Para que familiares e amigos saibam lidar com os portadores da disfunção.
O que sentimos não é frescura, os exageros não são para chamar a atenção. Sofremos diariamente para cumprir as nossas tarefas, para não procrastinar e tentar não decepcionar aqueles que amamos.
Cuide de quem você ama.

Saí de mim

Há poucos dias eu estourei. Pensei que nunca mais aconteceria, mas eu parei de me medicar pra viajar.
Tinha tanta coisa acontecendo, tantos problemas pra resolver, tantas vozes na minha cabeça.
E aí me tiraram do sério. Sabe quando alguém está fazendo algo errado e mesmo assim te provoca e continua? Sim, era uma criança birrenta com mais de 30 anos nas costas. E isso foi o que me deixou mais emputecido. Ela deveria demonstrar respeito para ser respeitada também.
Bufei, gritei, respirei fundo, me afastei e segurei para não chorar de raiva. Queria estar arremessar a garrafa que estava na minha mão. Queria estourá-la no muro de pedras. Mas apenas traria a atenção pra mim num momento em que o que eu mais desejava era passar despercebido.
Refletir me deixou muito mais calmo, mas uma coisa é certa: às vezes a gente perde o controle e nem percebe.

Só eu sei

Há vários textos que dizem que ninguém conhece a tua dor, que ninguém faz idéia do que o outro passa. O TDAH vive isso no dia-a-dia com muita frequência.

Queria tanto passar por uma rejeição e cinco minutos depois deixar pra lá, como uma criança que estourou a própria bexiga e logo depois estava rindo das caretas do papai.

Hoje me preocupei e me senti impotente. Eu me preocupei pois vi o pedido de socorro de um jovem TDAH cansado de frustrações, querendo acabar com a própria vida. Queria estar perto dele, abraça-lo e dizer que vai ficar tudo bem. Não para confortá-lo, mas porque eu sei que um dia ficará tudo bem.

Não leva cinco minutos, nem mesmo um dia para a gente se reerguer, porém quando acontece seguimos triunfantes. Pois vencemos.

Uma garota lhe recomendou o CVV, que foi uma ótima sugestão.

Confesso que me vi em seu lugar, assim como tantos outros TDAHs que conheço.

Torço para que ele melhore logo e para que um dia possa lhe dar o abraço que tanto quis dar hoje.

Força, rapá. Não desista.

Tic-tac

São quase 4 da manhã e eu devo levantar daqui a pouco. Faz duas horas que me deitei, mas o sono não vem.
Esqueci meu remédio em casa e começo a pensar no próximo passo. Já tomei uma ducha morna, já ouvi uma playlist no Spotify e até contei carneirinhos.
Pegar o celular foi a última alternativa, mas resolvi desabafar. Afinal, faz tanto tempo que não passo por aqui.
Talvez isso seja um bom sinal. Se não ando escrevendo significa que está tudo bem.
Este é um grande defeito que tenho: escrevo quando as coisas não estão muito bem, mas depois esqueço que o mundo existe.
Não vou prometer voltar a postar semanalmente porque me conheço, mas prometo também não deixar o blog às traças.
Bom, vou tentar novamente voltar a dormir. Espero obter sucesso hora ou outra.